JUÍZES 6
Gideão
1
O povo de Israel pecou contra Deus, o Senhor, e por isso ele deixou
que o povo de Midiã os dominasse durante sete anos. 2 Os israelitas
se escondiam dos midianitas em cavernas e em outros lugares seguros
nas montanhas porque os midianitas eram mais fortes do que eles. 3
Todas as vezes que os israelitas semeavam, os midianitas vinham com
os amalequitas e os povos do deserto e os atacavam. 4 Acampavam na
terra e destruíam as suas colheitas até o sul, perto de Gaza. Não
deixavam nada para os israelitas viverem — nem ao menos uma ovelha,
uma vaca ou um jumento. 5 Chegavam com o seu gado e as suas barracas
e eram tão numerosos como gafanhotos. Eles e os seus camelos eram
tantos, que nem dava para contar. Vinham para destruir a terra, 6
e o povo de Israel não podia com eles. Então os israelitas pediram
socorro a Deus, o Senhor.
7 Quando eles oraram ao Senhor por
causa dos midianitas,
8 ele mandou um profeta, que lhes
disse:
— Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: “Eu tirei
vocês da escravidão do Egito. 9 Eu os livrei dos egípcios e dos
que lutaram contra vocês aqui, nesta terra. Expulsei os seus
inimigos e dei a vocês a terra deles.
10 Eu disse que sou
o Senhor, o Deus de vocês, e que vocês não deviam adorar os deuses
dos amorreus, que viviam nesta terra. Mas vocês não quiseram me
ouvir.”
11 Então o Anjo do Senhor veio e sentou-se debaixo de
um carvalho que havia perto do povoado de Ofra. Esse carvalho
pertencia a Joás, que era da família de Abiezer. O seu filho,
Gideão, estava malhando trigo no tanque de pisar uvas, escondido,
para que os midianitas não o encontrassem.
12 Então o
Anjo do Senhor apareceu a ele e disse:
— Você é corajoso, e
o Senhor está com você!
13 Gideão respondeu:
—
Se o Senhor Deus está com o nosso povo, por que está acontecendo
tudo isso com a gente? Onde estão aquelas coisas maravilhosas que os
nossos antepassados nos contaram que o Senhor costumava fazer quando
nos trouxe do Egito? Ele nos abandonou e nos entregou aos
midianitas.
14 Então o Senhor Deus ordenou a Gideão:
—
Vá com toda a sua força e livre o povo de Israel dos midianitas.
Sou eu quem está mandando que você vá.
15 Gideão
respondeu:
— Senhor, como posso libertar Israel? A minha
família é a mais pobre da tribo de Manassés, e eu sou a pessoa
menos importante da minha família.
16 Mas o Senhor
disse:
— Você pode fazer isso porque eu o ajudarei. Você
esmagará todos os midianitas como se eles fossem um só homem.
17
Gideão respondeu:
— Se tu estás contente comigo, então
dá-me uma prova de que és tu mesmo que estás falando. 18
E, por favor, não vás embora até que eu te traga uma oferta.
—
Eu ficarei aqui até você voltar! — disse Deus.
19 Então
Gideão entrou, cozinhou um cabrito e fez pão sem fermento com mais
ou menos dez quilos de farinha. Pôs a comida numa cesta e pôs o
caldo numa panela. Levou tudo e entregou ao Anjo do Senhor, que
estava debaixo do carvalho.
20 Então o Anjo ordenou:
—
Ponha a carne e o pão nesta pedra e derrame o caldo em cima.
Gideão
fez o que ele mandou.
21 Em seguida o Anjo estendeu o bastão que
tinha na mão e tocou com a sua ponta a carne e o pão. Então saiu
fogo da pedra e queimou a carne e o pão. E o Anjo desapareceu.
22
Aí Gideão compreendeu que era mesmo o Anjo do Senhor que ele tinha
visto. E disse, apavorado:
— Ai de mim, Senhor, meu Deus! Eu
vi o Anjo do Senhor face a face!
23 Mas o Senhor
respondeu:
— Não fique com medo. Tudo está bem. Você não
morrerá.
24 Gideão construiu ali um altar para Deus, o
Senhor, e o chamou de “O Senhor é paz”. E até hoje esse altar
está em Ofra, cidade que pertence às famílias de Abiezer.
25
Naquela noite o Senhor disse a Gideão:
— Leve o touro que
pertence a seu pai e outro touro de sete anos e derrube o altar do
deus Baal que é do seu pai e também o poste da deusa Aserá que
está ao seu lado. 26 Nesse lugar alto e seguro, faça
para o Senhor, seu Deus, um altar de pedras bem arrumadas. Depois
pegue o segundo touro e a madeira do poste de Aserá arrancado e
queime tudo no altar como sacrifício.
27 Gideão levou
dez dos seus empregados e fez o que o Senhor tinha dito. Porém, como
estava com medo da sua família e do povo da cidade, em vez de fazer
isso de dia, fez de noite.
28 De madrugada, quando os homens da
cidade se levantaram, acharam o altar de Baal e o poste da deusa
Aserá derrubados e o segundo touro queimado no altar que tinha sido
construído ali.
29 E perguntavam:
— Quem será que
fez isso?
Procuraram saber e descobriram que tinha sido Gideão,
filho de Joás.
30 Então disseram a Joás:
— Traga
o seu filho aqui para ser morto porque ele derrubou o altar de Baal e
o poste da deusa Aserá.
31 Mas Joás disse a todos os que
estavam ali reunidos contra ele:
— Vocês estão defendendo
Baal? Quem o defender será morto antes do amanhecer. Se Baal é
deus, que ele mesmo se defenda. O altar dele é que foi
derrubado.
32 Daquele dia em diante, Gideão passou a ser
chamado de Jerubaal, pois Joás tinha dito: “Que Baal mesmo se
defenda. O altar dele é que foi derrubado.”
33 Então todos
os midianitas, os amalequitas e os povos do deserto se juntaram, e
atravessaram o rio Jordão, e acamparam no vale de Jezreel.
34 E o
Espírito do Senhor dominou Gideão. Ele tocou uma corneta feita de
chifre de carneiro, e os homens do grupo de famílias de Abiezer
foram juntar-se a ele.
35 Gideão enviou também
mensageiros para chamar os homens das tribos de Manassés, de Aser,
de Zebulom e de Naftali. E eles também foram se juntar a ele.
36
Então Gideão disse:
— Ó Deus, tu disseste que queres me
usar para libertar o povo de Israel.
37 Pois bem. Vou pôr
um pouco de lã no lugar onde malhamos o trigo. Se de manhã o
orvalho tiver molhado somente a lã, e o chão em volta dela estiver
seco, então poderei ficar certo de que tu realmente me usarás para
libertar Israel.
38 O que ele disse aconteceu.
Na manhã
seguinte Gideão se levantou, espremeu a lã, e dela saiu água que
deu para encher uma tigela.
39 Então ele pediu a Deus:
—
Não fiques zangado comigo. Mas deixa que eu fale só mais uma vez.
Deixa, por favor, que eu faça mais uma prova com a lã. Que desta
vez a lã fique seca, e que haja orvalho somente no chão em volta
dela!
40 E Deus fez isso naquela noite. A lã ficou seca, e o
chão em volta ficou coberto de orvalho.
JUÍZES 7
Gideão derrota
os midianitas
1 Jerubaal, isto é, Gideão, e todos os
homens que estavam com ele se levantaram de madrugada e foram acampar
perto da fonte de Harode. O acampamento dos midianitas ficava no
vale, no lado norte, perto do monte Moré.
2 O Senhor Deus
disse a Gideão:
— Você tem gente demais, e por isso não
posso deixar que vocês derrotem os midianitas. Se eu deixasse, vocês
poderiam pensar que venceram sem a minha ajuda.
3 Anuncie
ao povo o seguinte: “Quem estiver com medo, que saia do monte
Gilboa e volte para casa.”
Gideão anunciou, e vinte e dois
mil homens voltaram. Mas dez mil ficaram.
4 E o Senhor
disse a Gideão:
— Ainda é gente demais. Leve todos até as
águas, e ali eu separarei os que irão com você. Se eu disser que
um homem deve ir com você, ele irá. Se disser que outro não deve
ir, ele não irá.
5 Aí Gideão fez com que os homens
descessem até as águas.
E o Senhor Deus lhe disse:
— Todos
os homens que lamberem a água com a língua, como fazem os
cachorros, devem ser separados dos que se ajoelharem para beber.
6
Trezentos homens juntaram água nas mãos e lamberam. Todos os outros
se ajoelharam para beber.
7 Aí o Senhor disse a Gideão:
—
Com estes trezentos homens que lamberam a água, eu libertarei vocês
e lhes darei a vitória sobre os midianitas. Diga aos outros que
voltem para casa.
8 Então Gideão mandou todos os outros
israelitas para casa, menos aqueles trezentos. Mas estes ficaram com
toda a comida e todas as cornetas. O acampamento dos midianitas
estava abaixo deles, no vale.
9 Naquela noite o Senhor
Deus disse a Gideão:
— Levante-se e ataque o acampamento dos
midianitas. Eu já dei a vitória a você. 10 Mas, se você estiver
com medo de atacar, desça até o acampamento deles. Leve junto Purá,
o seu ajudante.
11 Você vai ouvir o que eles estão
dizendo e então terá coragem para atacar o acampamento.
Gideão
e Purá desceram até bem perto do acampamento inimigo. 12 Os
midianitas, os amalequitas e os povos do deserto estavam espalhados
no vale, como uma nuvem de gafanhotos. Eles e os seus camelos eram
tantos como os grãos de areia da praia do mar.
13 Quando
Gideão chegou, ouviu um homem contando o seu sonho a um amigo. Ele
dizia:
— Eu sonhei que um pão de cevada rolou para dentro do
nosso acampamento. Veio e bateu numa barraca. Ela caiu, virou no
avesso e ficou estendida no chão.
14 O amigo respondeu:
—
É a espada de Gideão, o israelita, o filho de Joás! Isso quer
dizer que Deus entregou a ele o nosso povo e todo o nosso
exército!
15 Quando Gideão ouviu esse sonho e entendeu o
que ele queria dizer, ajoelhou-se e adorou a Deus. Então voltou para
o acampamento israelita e disse:
— Levantem-se! O Senhor Deus
entregou o exército dos midianitas nas mãos de vocês!
16
Gideão separou os trezentos em três grupos e deu a cada homem uma
corneta de chifre de carneiro e um jarro com uma tocha dentro.
17
E disse:
— Olhem para mim! E, quando eu chegar perto do
acampamento inimigo, façam o que eu fizer.
18 Quando eu e
o meu grupo tocarmos as cornetas, então vocês, que estarão
cercando o acampamento, toquem as cornetas e gritem: “Pelo Senhor e
por Gideão!”
19 Um pouco antes da meia-noite, na hora de ser
trocada a guarda, Gideão e os seus cem homens chegaram bem perto do
acampamento. Então tocaram as cornetas e quebraram os jarros que
levavam. 20 Os três grupos tocaram as cornetas e quebraram os
jarros. Eles seguravam a tocha na mão esquerda e a corneta na
direita e gritavam: “Uma espada pelo Senhor e por Gideão!”
21 E
cada um ficou parado no seu lugar em volta do acampamento. Então
todo o exército inimigo fugiu, gritando.
22 Enquanto os
trezentos homens tocavam as cornetas, o Senhor Deus fez com que os
homens do acampamento atacassem uns aos outros com as suas espadas.
Eles fugiram na direção de Zererá e foram a Bete-Sita e até a
divisa de Abel-Meolá, perto de Tabate.
23 Então os homens das tribos de Naftali, de Aser e das duas metades da tribo de Manassés foram chamados e perseguiram os midianitas.
24 Gideão enviou mensageiros para dizerem a todos os que moravam na região montanhosa de Efraim:
— Desçam e lutem contra os midianitas. Defendam o rio Jordão e os seus riachos até Bete-Bara e não deixem os midianitas atravessarem.
Então os homens de Efraim foram e
defenderam o rio Jordão e os seus riachos até Bete-Bara. 25 Eles
prenderam Orebe e Zeebe, os dois chefes midianitas. Mataram Orebe na
pedra de Orebe e mataram Zeebe no seu tanque de pisar uvas.
Continuaram a perseguir os midianitas e levaram a cabeça de Orebe e
a de Zeebe para Gideão, que estava a leste do rio Jordão.
JUÍZES 8
A derrota final
dos midianitas
1 Os homens da tribo de Efraim disseram
a Gideão:
— Por que você não nos chamou quando foi lutar
contra os midianitas? Por que fez isso com a gente?
E tiveram
uma discussão muito forte com Gideão.
2 Mas ele lhes
disse:
— O que eu fiz com os midianitas não é nada comparado
com o que vocês fizeram. Até aquilo que o menor dos homens de
Efraim fez tem mais valor do que aquilo que todos os homens do grupo
de famílias de Abiezer fizeram.
3 Deus entregou Orebe e
Zeebe, os chefes midianitas, a vocês. Que foi que eu fiz, que possa
ser comparado com isso?
Quando Gideão disse isso, os homens de
Efraim ficaram menos zangados.
4 Gideão e os seus trezentos
homens foram até o rio Jordão e o atravessaram. Eles estavam muito
cansados, mas continuaram a perseguir o inimigo.
5 Então
Gideão fez aos homens da cidade de Sucote o seguinte pedido:
—
Estou perseguindo os chefes midianitas Zeba e Salmuna, e os meus
homens estão muito cansados. Por favor, deem comida para eles.
6
Mas os chefes de Sucote responderam:
— Por que devemos dar
comida para o seu exército? Você ainda não prendeu Zeba e
Salmuna!
7 Aí Gideão disse:
— Está bem. Mas,
quando o Senhor me entregar Zeba e Salmuna, eu rasgarei a carne de
vocês com os espinhos das plantas do deserto.
8 Gideão foi a
Penuel e fez o mesmo pedido aos homens dali. Mas os homens de Penuel
lhe deram a mesma resposta que os homens de Sucote tinham dado.
9
Aí Gideão disse:
— Quando eu voltar são e salvo, derrubarei
esta torre!
10 Zeba e Salmuna estavam em Carcor com seu
exército. De todo o exército dos povos do deserto, restavam apenas
quinze mil homens. Cento e vinte mil tinham sido mortos. 11 Gideão
foi pelo caminho que rodeava o deserto, a leste de Noba e Jogbeá, e
atacou de surpresa o exército inimigo.
12 Zeba e Salmuna,
os dois chefes midianitas, fugiram. Mas ele os perseguiu e os
prendeu. E o exército inteiro foi derrotado.
13 Gideão, filho
de Joás, voltou da batalha pela subida de Heres. 14 Prendeu um moço
de Sucote e lhe fez perguntas. Então o rapaz escreveu para Gideão
os nomes dos setenta e sete chefes e líderes de Sucote.
15
Aí Gideão foi falar com os homens de Sucote e disse:
— Vocês
lembram de quando me desprezaram? Vocês disseram que não iam dar
comida para o meu exército cansado porque eu ainda não tinha
prendido Zeba e Salmuna. Muito bem, aqui estão eles!
16 Então
pegou espinhos das plantas do deserto e com eles castigou os chefes
de Sucote.
17 Também derrubou a torre de Penuel e matou
os homens daquela cidade.
18 Aí perguntou a Zeba e
Salmuna:
— Com quem se pareciam os homens que vocês mataram
em Tabor?
E eles responderam:
— Pareciam com você. Todos
tinham jeito de príncipe.
19 Gideão disse:
— Eles
eram meus irmãos, filhos da minha mãe. Juro pelo Senhor Deus que,
se vocês não os tivessem matado, eu também não mataria vocês.
20
E disse a Jéter, o seu filho mais velho:
— Levante-se e
mate-os.
Mas o rapaz não tirou a sua espada. Ele estava com
medo, pois ainda era muito novo.
21 Então Zeba e Salmuna
disseram a Gideão:
— Venha você mesmo nos matar porque para
isso é preciso ter coragem de homem.
Aí Gideão matou Zeba e
Salmuna e pegou os enfeites em forma de meia-lua que estavam no
pescoço dos seus camelos.
22 Os homens de Israel disseram
a Gideão:
— Você nos salvou dos midianitas. Portanto, seja
nosso governador. E, depois de você, o seu filho e o seu neto.
23
Gideão respondeu:
— Eu não serei governador de vocês, e o
meu filho também não. O Senhor Deus é quem será o governador de
vocês.
24 E continuou:
— Mas vou fazer um pedido:
cada um me dê um dos brincos que tirou dos vencidos.
Os
midianitas usavam argolas de ouro nas orelhas porque eram gente do
deserto.
25 Os homens de Gideão responderam:
— Nós
os daremos com prazer a você.
Então estenderam uma capa, e
cada um pôs nela os brincos que tinha tomado dos midianitas. 26 Os
brincos de ouro que Gideão pediu pesaram quase trinta quilos. Isso
fora os enfeites, os colares e as roupas de púrpura que os chefes de
Midiã usavam. E sem contar também os enfeites que estavam no
pescoço dos seus camelos.
27 Com o ouro Gideão fez um
ídolo e o colocou em Ofra, a sua cidade. Então todos os israelitas
abandonaram a Deus e iam lá para adorar o ídolo. E isso foi uma
armadilha para Gideão e a sua gente.
28 Os midianitas
foram derrotados pelos israelitas e por muito tempo deixaram de ser
uma ameaça para eles. E a terra ficou em paz durante quarenta anos
enquanto Gideão viveu.
A morte de Gideão
29 Gideão voltou e
ficou morando na sua própria casa. 30 Ele foi pai de setenta filhos,
pois tinha muitas mulheres.
31 Ele também teve uma
concubina em Siquém, e ela lhe deu um filho. Gideão pôs nele o
nome de Abimeleque.
32 Gideão, filho de Joás, morreu bem
velho e foi sepultado no túmulo de Joás, o seu pai, em Ofra, a
cidade do grupo de famílias de Abiezer.
33 Depois que Gideão
morreu, o povo de Israel abandonou a Deus novamente e adorou os
deuses dos cananeus. Eles adotaram Baal-Berite como o seu deus.
34 Não serviram por muito tempo ao Senhor Deus, que os havia livrado de todos os inimigos que viviam ao redor deles. 35 E também não foram agradecidos à família de Gideão por tudo de bom que ele havia feito para o povo de Israel.
JUÍZES 9
Abimeleque
1 Abimeleque, filho de Gideão,
foi à cidade de Siquém, onde viviam todos os parentes da sua mãe.
Ele pediu
2 que eles perguntassem aos homens de Siquém:
—
O que é que vocês preferem: ser governados pelos setenta filhos de
Gideão ou por um só homem? Lembrem que Abimeleque é do mesmo
sangue de vocês.
3 Então os parentes da sua mãe falaram sobre
isso com os homens de Siquém, e eles resolveram seguir Abimeleque
porque era parente deles. 4 Deram a ele oitocentos gramas de prata
tirados do templo de Baal-Berite. Com essa prata Abimeleque contratou
alguns homens ordinários para o seguirem. 5 Abimeleque foi para a
casa do seu pai em Ofra e ali, em cima de uma só pedra, ele matou os
seus setenta irmãos, os filhos de Gideão.
Mas Jotão, o filho mais
moço, se escondeu e por isso não foi assassinado.
6
Então todos os homens de Siquém e de Bete-Milo se reuniram na
árvore sagrada de Siquém e ali fizeram de Abimeleque o seu rei.
7
Quando Jotão soube disso, subiu até o alto do monte Gerizim e
gritou para eles:
— Homens de Siquém, me escutem, e Deus
escutará vocês!
8 Aí Jotão disse:
— Uma vez as
árvores resolveram procurar um rei para elas. Então disseram à
oliveira: “Seja o nosso rei.”
9 E a oliveira
respondeu: “Para governar vocês, eu teria de parar de dar o meu
azeite, usado para honrar os deuses e os seres humanos.”
10 —
Aí as árvores pediram à figueira: “Venha ser o nosso rei.”
11
Mas a figueira respondeu: “Para governar vocês, eu teria de parar
de dar os meus figos tão doces.”
12 — Então as árvores
disseram à parreira: “Venha ser o nosso rei.”
13 Mas
a parreira respondeu: “Para governar vocês, eu teria de parar de
dar o meu vinho, que alegra os deuses e os seres humanos.”
14
— Aí todas as árvores pediram ao espinheiro: “Venha ser o nosso
rei.”
15 E o espinheiro respondeu: “Se vocês querem
mesmo me fazer o seu rei, venham e fiquem debaixo da minha sombra. Se
vocês não fizerem isso, sairá fogo do espinheiro e queimará os
cedros do Líbano.”
16 E Jotão continuou:
— Será
que vocês foram sinceros e honestos quando fizeram de Abimeleque um
rei? E será que vocês trataram Gideão e a sua família com
decência e de acordo com o que ele merecia? 17 Lembrem que o meu pai
lutou por vocês. Ele arriscou a vida para salvá-los dos midianitas.
18 Mas hoje vocês estão contra a família do meu pai. Vocês
mataram os seus setenta filhos em cima de uma só pedra! E depois
fizeram do seu filho Abimeleque, que é filho de uma escrava, o rei
de Siquém. Fizeram isso somente porque ele é parente de vocês. 19
Agora, se o que vocês fizeram hoje com Gideão e a sua família foi
sincero e honesto, então sejam felizes com Abimeleque, e que ele
seja feliz com vocês! 20 Mas, se não, que de Abimeleque
saia fogo e queime os homens de Siquém e de Bete-Milo! E que saia
fogo dos homens de Siquém e de Bete-Milo e queime Abimeleque!
21
Aí Jotão fugiu e foi viver em Beer porque estava com medo do seu
irmão Abimeleque.
A revolta de Gaal
22 Abimeleque governou o
povo de Israel durante três anos.
23 Então Deus fez com que
Abimeleque e os homens de Siquém se odiassem. E eles se revoltaram
contra Abimeleque. 24 Isso aconteceu para que Abimeleque e os homens
de Siquém, que o haviam ajudado a matar os setenta filhos de Gideão,
pagassem pelo seu crime.
25 Os moradores de Siquém
puseram homens escondidos no alto das montanhas para matar
Abimeleque. Eles assaltavam todos os que passavam por aquele caminho.
E Abimeleque soube disso.
26 Gaal, filho de Ebede, foi com os
seus irmãos para Siquém, e os homens dali confiaram nele.
27
Eles foram até as suas plantações, apanharam uvas e prepararam
vinho. Então fizeram uma festa. Depois entraram no templo do seu
deus, comeram, beberam e amaldiçoaram Abimeleque.
28 Aí
Gaal disse:
— Por que estamos sendo dominados por Abimeleque?
Que tipo de homens somos nós, os homens de Siquém? E quem é ele? É
o filho de Gideão. No entanto, Zebul recebe ordens dele. Por que
devemos ser dominados por ele? Sejam fiéis ao seu antepassado Hamor,
pai de Siquém.
29 Ah! Se eu fosse o líder deste povo!
Expulsaria Abimeleque e diria: “Já que o seu exército é tão
grande, então saia e lute!”
30 Zebul, o governador da cidade,
ficou com muita raiva quando soube o que Gaal tinha dito.
31
E mandou mensageiros a Abimeleque, que estava em Arumá, para dizerem
a ele:
— Gaal, filho de Ebede, e os seus irmãos vieram a
Siquém e estão atiçando o povo da cidade contra você. 32 Por isso
faça o seguinte: durante a noite você e os seus homens saiam e se
escondam nos campos.
33 Amanhã levantem-se ao nascer do
sol e ataquem de surpresa a cidade. E, quando Gaal e os seus homens
saírem para lutar, ataquem com tudo o que vocês tiverem!
34
Então Abimeleque e todos os seus homens saíram durante a noite e se
esconderam fora de Siquém, divididos em quatro grupos. 35 Gaal se
levantou e foi para o portão da cidade. Aí Abimeleque e os seus
homens saíram de onde estavam escondidos.
36 Quando Gaal
os viu, disse a Zebul:
— Veja! Vem gente descendo do alto das
montanhas!
Mas Zebul respondeu:
— Não são homens. São
as sombras das montanhas.
37 Porém Gaal disse:
—
Veja! Vem gente descendo bem na nossa frente, e um grupo vem vindo da
árvore sagrada.
38 Então Zebul disse:
— Onde foi
parar toda a sua conversa? Não foi você quem perguntou por que
devíamos servir Abimeleque? Pois são estes os homens de quem você
estava caçoando. Saia agora e lute contra eles.
39 Aí Gaal
saiu na frente dos homens de Siquém e lutou contra Abimeleque. 40
Abimeleque o atacou, e Gaal fugiu. Muitos homens caíram feridos, até
perto do portão da cidade.
41 Então Abimeleque voltou
para Arumá, e Zebul foi até Siquém e expulsou de lá Gaal e os
seus irmãos.
42 No dia seguinte o povo de Siquém saiu para os
campos. E Abimeleque ficou sabendo disso. 43 Então ele dividiu os
seus homens em três grupos e os deixou escondidos no campo,
esperando. Quando Abimeleque viu o povo saindo da cidade, saiu de
onde estava escondido e os matou. 44 Abimeleque e o seu grupo
atacaram de surpresa e tomaram conta do portão da cidade. Os outros
dois grupos atacaram o povo que estava nos campos e mataram
todos.
45 Abimeleque combateu os homens da cidade o dia
todo. Tomou a cidade e matou os seus moradores. Então destruiu a
cidade e espalhou sal no chão.
46 Quando os chefes de Torre de
Siquém souberam disso, foram todos para a fortaleza do templo de
Baal-Berite para ficar em segurança. 47 Mas Abimeleque soube que
eles estavam reunidos lá. 48 Aí subiu o monte Salmom com os seus
homens. Pegou um machado, cortou um galho de árvore e o pôs no
ombro. Disse aos homens para fazerem depressa a mesma coisa.
49
E cada um deles cortou um galho de árvore. Depois eles seguiram
Abimeleque e fizeram uma pilha de galhos encostados na fortaleza. Em
seguida puseram fogo nos galhos e queimaram a fortaleza com toda a
gente dentro. Assim morreram todos os moradores de Torre de Siquém,
mais ou menos mil homens e mulheres.
50 Depois Abimeleque foi a Tebes, cercou a cidade e a conquistou. 51 Em Tebes havia uma forte torre. Todos os homens e mulheres e os líderes da cidade correram e entraram nela. Fecharam as portas e foram para o terraço. 52 Abimeleque avançou, atacou a torre e chegou até a porta, para pôr fogo nela. 53 Mas uma mulher jogou uma pedra de moinho na cabeça dele e quebrou o seu crânio.
54 Aí ele chamou depressa o
moço que carregava as suas armas e disse:
— Tire a sua espada
e me mate. Não quero que digam que fui morto por uma mulher.
Então
o rapaz tirou a espada e o matou.
55 Quando os israelitas
viram que Abimeleque estava morto, voltaram todos para casa.
56 E assim Deus castigou Abimeleque pelo crime que havia
cometido contra o seu pai — o crime de matar os seus setenta
irmãos. 57 E, como castigo pela maldade dos homens de Siquém, Deus
fez com que eles sofressem. E assim aconteceu o que Jotão, filho de
Gideão, tinha dito que ia acontecer quando os amaldiçoou.
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